sexta-feira, 16 de agosto de 2019

COMO LIDAR COM A SOLIDÃO QUE PODE ACOMPANHAR A MATERNIDADE




Ter um bebê transforma a vida de toda a família, mas geralmente esse turbilhão é mais forte para a mãe, que vê toda a vida se resumindo aos cuidados com o recém-nascido. Muitas vezes, ela é a única responsável por ele a maior parte do tempo e isso pode trazer uma sensação de solidão enorme.

Tal situação independe do lugar onde a mãe vive: pode acontecer em uma vila de pescadores, em uma pequena cidade do interior ou em uma grande metrópole. Mães que criam os filhos sozinhas, aquelas cujos maridos trabalham fora o dia todo ou que não têm a família e os amigos por perto são exemplos de mulheres que tendem a sofrer mais com essa sensação de desamparo. Nessa hora, não tem jeito: é preciso pedir ajuda, que pode vir de familiares, amigos, vizinhos ou até mesmo de pessoas que antes não faziam parte da sua vida.

Família conquistada

Professora e consultora de moda, Juliana Lopes morava em Milão quando teve a filha Alice, hoje com 5 anos. Sem família na capital italiana, ela encontrou nas colegas de um curso de ioga pré-parto o apoio de que precisava. "Esse grupo de mulheres foi o que me deu suporte para eu não me sentir sozinha, para entender desde a cesárea que acabei tendo de fazer até a alimentação e o sistema de saúde italianos. A gente passava o dia postando coisas no Facebook e pedindo ajuda umas para as outras", conta.

Buscar a rede de apoio que é possível ter e reaprender a nos comunicar com as pessoas à nossa volta pode fazer toda a diferença e, principalmente, a rede de apoio de que precisamos, não apenas a que idealizamos. Esse é um grande exercício para nossa humanidade: aprender a pedir ou reaprender a pedir ajuda, nomear nossas necessidades e reconhecê-las, buscar apoio não apenas prático, mas também emocional e afetivo", acredita Josie Zecchinelli, psicoterapeuta corporal, doula e especialista em psicologia da gestação, parto e maternidade. "É preciso baixar nossas expectativas e idealizações sobre nós mesmos e sobre os outros à nossa volta e sair do lugar de querer controlar tudo", completa. Para ela, o apoio pode ser tanto virtual quanto presencial.
Maternidade 2.0

A psicóloga Marcia Neder concorda. "A maternidade é solitária, então é bom que a mulher tenha pelo menos a rede social para se conectar", diz ela, que também é autora do livro Os Filhos da Mãe – Como Viver a Maternidade sem Culpa e sem o Mito da Perfeição. Grupos no Whatsapp ou no Facebook de mães amigas ou que só se conhecem virtualmente são ótimos para dividir experiências e dar apoio psicológico para driblar a solidão.
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A psicóloga recomenda ainda terapia e a leitura de bons livros sobre os desafios dessa nova etapa como grandes aliadas para aprender a lidar com esse sentimento de solidão, que, segundo ela, é inerente à maternidade.

Para a mulher, esse também é o momento de uma perda de si, de doação quase total, do próprio corpo e da existência. É também um momento que pode ser aproveitado para o crescimento. É mais ou menos como na adolescência, quando você se despede da infância, mas ainda não construiu sua identidade como adulto. É um momento de transformação", finaliza.

A sensação de solidão é comum durante o pós-parto, mas saiba que você não tem que viver essa fase sozinha. Familiares, amigos e mesmo pessoas que moram perto de você podem e devem entrar nesse barco que é a criação de um novo ser, seja te ajudando na prática, seja ouvindo seus medos e inseguranças sem julgar. Não tenha receio de pedir ajuda, afinal um bebê bem cuidado na primeira infância tem muito mais chances de gerar, no futuro, um impacto social positivo sobre o mundo.

(Texto: Blog Natura, Publicado em 7 Aug 2019, 14:08)






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